Piometra em Ratas: Entenda a Gravidade Dessa Doença
- Clube do Ratto
- 3 de fev. de 2022
- 4 min de leitura
A piometra é uma infecção uterina severa que pode acometer ratas fêmeas que não foram castradas. O termo vem do grego: pyo significa pus, e metra quer dizer útero — ou seja, literalmente, um útero cheio de pus. Trata-se de uma condição crítica, que pode evoluir rapidamente e exige intervenção veterinária urgente.

Muitos tutores se perguntam se suas ratas menstruam, e a resposta é NÃO. Qualquer secreção com pus ou sangue saindo da vagina está longe de ser normal e pode indicar um quadro grave, como a piometra. Ao notar esse sintoma, leve sua ratinha ao veterinário o quanto antes.
Formas e Sinais da Piometra
A doença pode se manifestar de duas formas:
Piometra aberta: ocorre quando o colo do útero está dilatado. Nesse caso, é comum observar secreções vaginais com odor forte, espessas, amareladas ou avermelhadas, contendo pus e sangue.
Piometra fechada: nessa forma mais perigosa, o colo do útero permanece selado, impedindo a drenagem. O pus se acumula internamente, levando ao inchaço abdominal visível e aumentando significativamente o risco de sepse e morte súbita.
Outros sinais que podem surgir incluem:
Diminuição do apetite
Consumo excessivo de água (polidipsia)
Aumento do volume de urina (poliúria)
Letargia e desconforto
Possível infecção urinária associada
Se notar qualquer secreção anormal ou sangramento pela genitália, não espere — leve sua rata ao veterinário o quanto antes.
O Que Causa a Piometra?
A piometra é uma condição desencadeada por alterações hormonais. Após o cio, o organismo da rata se prepara para uma possível gestação: o estrogênio estimula a produção de progesterona, que promove o espessamento do revestimento uterino (endométrio) e o acúmulo de secreções dentro do útero.
Quando esses ciclos se repetem ao longo do tempo sem que haja gravidez, o tecido uterino pode sofrer alterações progressivas. Uma das principais alterações é a hiperplasia endometrial cística, que consiste na formação de glândulas distendidas e cheias de fluido.
Essas secreções acumuladas criam um ambiente favorável para o crescimento de bactérias.
As bactérias envolvidas geralmente pertencem à flora vaginal normal — como Escherichia coli, Streptococcus spp., Pseudomonas, Corynebacterium e Mycoplasma pulmonis — ou podem vir de uma infecção urinária já presente. Com o ambiente propício, elas se multiplicam e invadem o útero.
O resultado é uma infecção uterina grave, com formação intensa de pus e, em muitos casos, disseminação bacteriana pela corrente sanguínea (bacteremia), o que pode evoluir para um quadro de sepse, colocando a vida do animal em risco.
Conforme a rata envelhece e os ciclos de cio continuam, as chances de desenvolver piometra aumentam consideravelmente. Ratas férteis e saudáveis entram no cio a cada 4 a 5 dias, e ainda que cada cio dure poucas horas, o estímulo repetido ao longo da vida favorece o surgimento dessas alterações uterinas.
Outras Situações Possíveis
A piometra também pode aparecer em situações menos comuns, como:
Piometra de coto: quando há tecido uterino residual após uma castração incompleta
Pós-parto: em casos de inflamação do útero (endometrite) após o nascimento dos filhotes
Diagnóstico
O diagnóstico envolve uma combinação de observação clínica e exames complementares:
Histórico clínico da paciente e dos sinais relatados pelo tutor
Ultrassonografia ou radiografia abdominal para verificar a presença de fluido no útero
Exames laboratoriais, como hemograma, geralmente revelando aumento dos glóbulos brancos (leucocitose), indicativo de infecção
Tratamento
O tratamento mais indicado para piometra é a ovariohisterectomia de emergência, que é a castração cirúrgica, com a remoção completa do útero e dos ovários. Esse é o único método realmente eficaz para eliminar a infecção, pois retira diretamente a fonte do problema.
Antes de realizar a cirurgia, é fundamental que a paciente esteja estabilizada, principalmente se houver sinais de choque, desidratação ou fraqueza acentuada. Essa decisão cabe ao veterinário, que pode indicar cuidados como fluidoterapia, controle da dor e suporte intensivo conforme o estado geral do animal.
Em alguns casos, a cirurgia pode não ser viável — especialmente quando a rata é muito idosa, está em estado crítico, tem doenças crônicas graves ou apresenta problemas respiratórios que aumentam os riscos anestésicos. Nessas situações, o veterinário pode optar por uma abordagem mais conservadora, com foco no conforto e alívio dos sintomas.
É importante saber que, infelizmente, quando a cirurgia não é possível e o tratamento se baseia apenas no uso de medicamentos, a infecção costuma retornar. Mesmo com melhora inicial, o útero doente permanece no organismo e continua sendo um foco de risco. Muitas ratas voltam a apresentar piometra em poucos dias ou semanas — e em alguns casos, até mesmo depois de um tempo mais longo de aparente estabilidade.
Prevenção: Castrar é Cuidar
A piometra não ocorre em ratas castradas de forma correta, ou seja, com a retirada completa do útero e dos ovários. Por isso, a castração preventiva é a principal forma de proteção contra essa doença. Além de prevenir a piometra, a cirurgia também reduz drasticamente os riscos de tumores mamários, ovarianos e uterinos.
Ratas jovens e saudáveis, quando operadas por um profissional experiente e com o suporte adequado, costumam se recuperar muito bem do procedimento. Castrar é uma atitude de cuidado e responsabilidade, que pode proteger a vida da sua companheira antes que doenças graves se manifestem.
No entanto, a decisão pela castração preventiva deve partir exclusivamente do tutor, com base em informações claras e orientação veterinária de confiança. Embora seja considerada segura quando realizada por profissionais capacitados, toda cirurgia envolve riscos, e isso inclui a possibilidade de complicações anestésicas ou até mesmo óbito intraoperatório — mesmo em animais aparentemente saudáveis.
Por isso, é essencial que o tutor esteja preparado emocionalmente para lidar com essa possibilidade, entendendo que a escolha pela castração deve ser feita com consciência, responsabilidade e respeito à vida do animal. Cada caso deve ser avaliado individualmente, e o bem-estar da rata deve estar sempre em primeiro lugar.