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A importância de cavar, escalar e ficar de pé para ratos

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Gaiola do estudo

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Gaiola Ratos e Trapos

Neste texto, são apresentados os resultados de um estudo realizado com ratos de laboratório que foram criados em diferentes ambientes. Um grupo de ratos foi criado em um ambiente que lhes permitiu cavar, escalar e ficar de pé, e outro grupo foi alojado em caixas padrão de laboratório, onde tiveram movimentos mais restritos.

Os ratos criados em um ambiente enriquecido, que lhes permitiu expressar seus comportamentos naturais, apresentaram consistentemente ao longo do dia e até a idade adulta comportamentos como cavar, escalar e ficar de pé. Esses comportamentos foram observados com frequência e consistência, o que sugere que são importantes para os ratos.

Por outro lado, os ratos alojados em caixas padrão de laboratório não foram capazes de realizar esses comportamentos naturais. Em vez disso, eles parecem ter compensado a incapacidade de ficar em pé com mais alongamentos laterais. Esses alongamentos podem ser uma resposta corretiva à rigidez e ao estresse posicional associado aos movimentos restritos em caixas padrão de laboratório.

As descobertas do estudo sugerem que as gaiolas padrão  interferem nos comportamentos naturais importantes dos ratos, o que provavelmente compromete o bem-estar desses animais. A falta de oportunidades para cavar, escalar e ficar em pé pode afetar negativamente o comportamento e a saúde dos ratos mantidos em ambientes restritos, impactando negativamente em seu bem-estar geral.

Tendências horizontais no uso do espaço tridimensional por ratos

Base do Estudo

- Foram utilizados 20 ratos machos da linhagem Lister (Lister Institute) com pesos variando entre 310 e 440 gramas, e com idades entre 2 e 9 meses. Esses ratos foram utilizados em todos os experimentos mencionados.

- Os animais foram alojados individualmente ou em pares em alojamentos de acrílico (material transparente). Isso significa que cada rato foi mantido em sua própria gaiola ou em uma gaiola compartilhada com outro rato.

- Os animais tiveram acesso irrestrito à água, o que significa que puderam beber água à vontade. No entanto, a alimentação foi restrita, o que significa que a quantidade de comida fornecida foi controlada. A quantidade de comida disponível foi ajustada para manter os ratos com 90% do peso que teriam se pudessem comer à vontade.

- O ciclo de luz foi controlado no ambiente dos ratos. As luzes foram acesas das 8h às 19h, e apagadas das 20h às 7h. Além disso, foi simulado o amanhecer e o entardecer, com as luzes acesas a meia intensidade entre 7h e 8h, e entre 19h e 20h, respectivamente. Essa programação de luz imitava o ciclo natural de luz do dia.

- A temperatura na sala onde os ratos foram mantidos foi mantida constante em 21 ± 2 °C. Isso significa que a temperatura foi controlada para garantir que não houvesse flutuações significativas durante os experimentos.

Com base no estudo fornecido, podemos inferir algumas informações importantes:

1. Preferência por movimentos horizontais: Os ratos mostraram uma preferência por movimentos horizontais em comparação com movimentos verticais nas tarefas de forrageamento e desvio. Isso significa que os ratos escolheram se mover mais frequentemente na dimensão horizontal.

2. Estratégia de camadas: Na tarefa de forrageamento, os ratos adotaram uma estratégia de coletar alimentos em um nível horizontal antes de passar para o próximo. Isso indica que eles preferiram coletar alimentos em uma camada horizontal antes de explorar verticalmente.

3. Preferência por perna horizontal primeiro: Na tarefa de desvio, os ratos preferiram as rotas que permitiam que eles executassem primeiro a perna horizontal. Isso sugere que eles tendem a iniciar o movimento em uma direção horizontal antes de se mover verticalmente.

4. Viés horizontal adaptativo: O estudo sugere que a preferência por movimentos horizontais pode ser adaptativa do ponto de vista energético. Movimentos verticais podem ser mais dispendiosos em termos de energia, e, portanto, os ratos tendem a minimizá-los.

5. Desconto de esforço temporal: Outra possibilidade é que a preferência por rotas horizontais reflita um desconto de esforço temporal, onde os ratos valorizam o esforço atrasado (movimento vertical) como menos dispendioso do que o esforço imediato (movimento horizontal).

6. Codificação paralela: Os pesquisadores sugerem que a preferência por movimentos horizontais pode ser devido a uma codificação mais precisa da dimensão horizontal em comparação com a dimensão vertical no nível neural. Isso implica que os ratos podem ser capazes de codificar e direcionar seus movimentos com mais precisão na dimensão horizontal.

Esses resultados indicam que os ratos exibem um comportamento espacial diferencial entre as dimensões horizontal e vertical. A preferência por movimentos horizontais pode ter bases adaptativas, como economia de energia e desconto de esforço temporal. Além disso, a codificação neural pode desempenhar um papel na preferência por movimentos horizontais devido à sua maior precisão na dimensão horizontal.

Minha interpretação

 

Neste estudo, os pesquisadores compararam como os ratos se movem nas direções horizontal e vertical. Descobriram que os ratos preferem se mover mais na horizontal do que na vertical, tanto quando estão procurando comida quanto quando precisam desviar de obstáculos. Além disso, os ratos também preferem iniciar seus movimentos pela perna horizontal. Os cientistas sugerem que essa preferência pode ser porque os movimentos verticais exigem mais energia e esforço imediato, enquanto os movimentos horizontais são mais fáceis. Também pode ser porque os ratos codificam melhor a dimensão horizontal em seu cérebro. No geral, o estudo mostra que os ratos têm uma tendência natural de se movimentar mais horizontalmente do que verticalmente.

Densidade de alojamento e alterações comportamentais e fisiológicas em ratos submetidos ao labirinto em cruz elevado (2000)

Neste estudo, os pesquisadores queriam ver como o ambiente em que os ratos eram mantidos afetava o comportamento deles em um labirinto. Primeiro, eles testaram se um medicamento específico poderia diminuir a ansiedade causada por colocar muitos ou poucos ratos juntos em uma gaiola. Descobriram que o a medicação ajudou os ratos que estavam em grupos grandes a explorar mais o labirinto, mas não teve efeito nos ratos que estavam sozinhos.

Em seguida, eles observaram como diferentes tamanhos de gaiola e quantidade de ratos por gaiola afetavam o comportamento dos animais. Descobriram que tanto o isolamento individual quanto a aglomeração em espaços apertados ou espaços grandes causavam comportamentos ansiosos no labirinto. Além disso, os ratos mostraram sinais de estresse e ansiedade, como aumento no peso das glândulas adrenais e perda de peso corporal.

Os resultados sugerem que os ratos precisam de um equilíbrio entre espaço suficiente para explorar e interações sociais adequadas. Espaços amplos e abertos com poucos ratos não forneciam estímulos sociais necessários, enquanto aglomerações em espaços pequenos geravam estresse. Em resumo, o ambiente em que os ratos são mantidos influencia seu comportamento, e é importante encontrar o equilíbrio certo para promover seu bem-estar.

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