Dor em ratos: por que é tão difícil perceber?
Ratos são animais inteligentes e sensíveis, mas também são presas na natureza. Por instinto, eles tendem a esconder sinais de dor ou fraqueza para não parecerem vulneráveis a predadores. Esse comportamento de autoproteção, embora natural, pode dificultar a identificação de problemas de saúde pelos tutores.
Por isso, é fundamental estar sempre atento a mudanças sutis no comportamento, na postura e nas expressões faciais. Pequenos sinais podem indicar desconforto ou dor, mesmo quando o rato ainda parece ativo.
Observar com atenção e conhecer os hábitos do seu rato é essencial para garantir que ele receba o cuidado e o alívio necessários no momento certo.
Sinais Comportamentais de Dor em Ratos
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Apatia: Ficam mais quietos ou isolados, evitam interações.
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Imobilidade prolongada: Passam muito tempo no mesmo lugar, encolhidos.
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Agressividade súbita: Tentativas de morder ao serem tocados, mesmo por tutores conhecidos.
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Mudança no padrão de sono ou esconder-se excessivamente.
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Vocalizações incomuns, especialmente ao serem manuseados (gritos, guinchos).
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Mudança na postura: arqueamento das costas, encolhimento ou posição de dor abdominal (abdômen contraído).

Expressões faciais como sinal de dor
Pesquisas demonstraram que mudanças na expressão facial são uma forma confiável e rápida de avaliar a dor em diversos animais, incluindo ratos. Assim como seres humanos fazem caretas quando sentem dor, os ratos também apresentam alterações visíveis no rosto — mesmo que discretas.
Essas mudanças podem incluir:
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Olhos semicerrados ou fechados
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Orelhas inclinadas ou retraídas
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Bigodes agrupados ou voltados para baixo
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Focinho com aparência mais tensa ou achatada
Com base nesses padrões, cientistas desenvolveram ferramentas como a “Rat Grimace Scale” (Escala de Expressão Facial em Ratos), que ajuda a identificar e quantificar a dor de forma padronizada. Essa escala tem sido cada vez mais utilizada em pesquisas, clínicas veterinárias e, com a devida orientação, pode também ajudar tutores atentos a perceber quando algo não vai bem.
1. Orbital Tightening - (Fechamento parcial ou total das pálpebras, olhos semicerrados)
2. Nose/Cheek Flattening (Achatamento do Nariz/Bochecha)
3. Ear Changes (Mudanças nas Orelhas)
4. Whisker Change (Mudança nos Bigodes)
Fonte: NC3Rs
Causas comuns de dor em ratos
A dor pode ter diversas origens, e reconhecer a causa ajuda a buscar ajuda mais rapidamente. Entre as situações mais comuns estão:
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Pós-cirúrgica - Castrações, remoção de tumores
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Traumática - Quedas, brigas, fraturas
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Crônica - Artrite, tumores, problemas dentários
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Dermatológica - Abscessos, feridas, infecções cutâneas
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Urogenital - Infecções urinárias, retenção de urina
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Reprodutiva - Piometra, tumores uterinos ou mamários, infecções do aparelho reprodutivo em fêmeas
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Digestiva - Gases, estase intestinal, constipação
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Otológica - Otite (inflamação ou infecção no ouvido), que pode causar dor intensa e desequilíbrio
Como o tutor pode ajudar
Mesmo sem sinais óbvios, um rato com dor pode estar sofrendo silenciosamente. Por isso, algumas atitudes simples fazem grande diferença:
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Observe e registre mudanças sutis no comportamento todos os dias.
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Grave vídeos para facilitar a avaliação pelo veterinário.
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Mantenha a gaiola em um local tranquilo, sem correntes de ar ou ruídos altos.
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Evite manuseios desnecessários se o animal estiver desconfortável.
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E o mais importante: procure sempre um veterinário com experiência em pequenos roedores ao menor sinal de dor.
Finalizando
Entender como os ratos demonstram dor é essencial para oferecer a eles uma vida mais digna, confortável e saudável.
Ao reconhecer os sinais com sensibilidade e agir com responsabilidade, o tutor se torna um verdadeiro guardião do bem-estar do seu pequeno companheiro.
A dor pode ser silenciosa, mas com atenção e cuidado, ela nunca passará despercebida.