Obesidade em ratos
- Clube do Ratto
- 20 de ago. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 28 de mai.
Os ratos de vida livre exibem uma ampla variedade em sua dieta, consumindo praticamente qualquer alimento disponível, seja em resíduos urbanos ou em ambientes domiciliares. Ratos domésticos, por sua vez, têm um comportamento alimentar similar, consumindo uma variedade de alimentos que lhes são oferecidos. Contudo, é crucial monitorar sua dieta para prevenir a obesidade. Um rato com excesso de peso pode desenvolver uma série de complicações de saúde, incluindo a formação de massas lipídicas, conhecidas como lipomas, que podem se tornar volumosas ao ponto de afetar sua mobilidade.
Para aqueles que possuem ratos como animais de estimação, é fundamental fornecer uma alimentação balanceada, composta principalmente por rações específicas, complementando ocasionalmente com grãos, legumes e frutas. Introduzir práticas de forrageamento, que é o comportamento de busca por alimento, pode ser extremamente benéfico. Esta prática natural e instintiva pode ser incentivada ao se colocar alimentos em diferentes locais da gaiola ou espaço do rato, incentivando-os a buscar e "caçar" sua comida.
É importante ressaltar que os ratos possuem uma taxa metabólica elevada, queimando calorias de maneira acelerada. Logo, garantir que permaneçam ativos, seja por meio do forrageamento ou outras atividades, é essencial para seu bem-estar.
Por que a obesidade é tão perigosa?
A obesidade em ratos de estimação vai além de simplesmente carregar peso extra; ela pode levar a uma série de problemas de saúde sérios, como doenças cardíacas, diabetes e problemas respiratórios. Este excesso de peso não apenas diminui sua expectativa de vida, mas torna a solução desses problemas mais desafiadora sem abordar a obesidade em si. Se você perceber que seu rato está ganhando peso ou demonstrando comportamentos fora do comum, é vital ajustar sua dieta. Aqui estão algumas informações adicionais e dicas sobre como lidar com essa questão.
1. Causas da obesidade em ratos:
Dieta inadequada: Uma dieta rica em gorduras e açúcares pode contribuir para o ganho de peso.
Falta de exercício: Ratos que não se movimentam muito, especialmente se mantidos em espaços pequenos, podem ter uma propensão ao ganho de peso.
Predisposição genética: Alguns ratos podem ter uma tendência natural a ganhar peso mais facilmente do que outros.
2. Sinais de obesidade:
Gordura excessiva ao redor do abdômen e quadris.
Mobilidade reduzida ou relutância em se mover.
Respiração ofegante ou dificuldade em respirar após pequenas atividades.
Diminuição da atividade ou letargia.
Seu rato está com um peso legal se, olhando para ele, você não vê ossos demais sob o pelo, mas ainda consegue notar a coluna. Se der para ver as costelas e a espinha dele muito evidentes, então ele está magro demais. Agora, se você olha e não consegue distinguir a coluna do resto do corpo e ele parece estar se arrastando, ele está com excesso de peso.

3. Prevenção e tratamento:
Dieta balanceada: Forneça uma dieta adequada para ratos, rica em nutrientes e baixa em calorias. Evite dar-lhes muitos "petiscos" gordurosos ou açucarados.
Exercício: Certifique-se de que seu rato tenha espaço suficiente para se mover e explore. Rodas de exercício, túneis e brinquedos podem incentivar a atividade física.
Monitore o peso: Pese seu rato regularmente para ter uma ideia de sua faixa de peso saudável e detectar qualquer aumento ou diminuição anormal. Indicado pesar semanalmente.
Consulte um veterinário: Se suspeitar que seu rato está obeso, ajuste sua dieta e monitore seu comportamento e aparência. Uma alimentação adequada e exercícios são vitais. Em caso de outros problemas de saúde, consulte um veterinário especializado em animais exóticos ou pequenos mamíferos.
4. Consequências da obesidade:
Expectativa de vida reduzida: A obesidade pode encurtar a vida de um rato significativamente.
Problemas de saúde: Ratos obesos estão em maior risco de desenvolver problemas cardíacos, diabetes, doenças respiratórias e articulações doloridas.
Diminuição da qualidade de vida: Ratos obesos podem ter dificuldade em se movimentar, brincar ou interagir com seus companheiros ou humanos.
Diabetes
O Diabetes, que é uma falha do pâncreas, pode ser mais comum em certos mamíferos exóticos. Esse órgão é responsável por liberar insulina para controlar os níveis de açúcar no sangue. Quando o pâncreas não funciona direito, o açúcar no sangue fica elevado, causando problemas similares aos humanos diabéticos. A boa notícia é que, em ratos, o diabetes pode ser controlado com perda de peso e dieta equilibrada.
Doença hepática
Pequenos mamíferos obesos frequentemente enfrentam a lipidose hepática, uma doença onde muita gordura se acumula no fígado, atrapalhando seu funcionamento. Essa condição aparece de repente e pode ser muito perigosa.
Doença cardíaca
Assim como em humanos com sobrepeso, o coração de um rato obeso trabalha mais intensamente do que o de ratos com peso adequado. Alguns ratos já apresentam predisposição a problemas cardíacos, e o excesso de peso pode agravar essa condição.
Pododermatite
Uma das doenças frequentes em ratos gordinhos é o "bumblefoot", ou pododermatite ulcerativa. Ela acontece quando há muita pressão na pele e nos tecidos dos pés contra superfícies duras. Se a pressão for muito forte, a pele e tecidos podem se machucar, causando feridas e infecções. Mantendo seu rato ativo e no peso certo, é possível evitar esse problema.
Artrite
A artrite não escolhe espécie nem idade. A gente costuma pensar nisso em animais mais velhos, mas até os mais jovens podem ter, especialmente se estiverem gordinhos. O excesso de peso pressiona as articulações, causando dor e desgaste. Isso pode complicar a movimentação do seu rato e até os cuidados básicos que ele precisa.
Em ratos obesos, problemas como a Hind Leg Degeneration (HLD), ou degeneração das Patas Traseiras, podem surgir. Uma das causas é a artrite. A HLD, que é mais comum do que a gente pensa, faz com que os ratos tenham dificuldades para se movimentar com as patas de trás. E quando se junta com a artrite, o quadro se assemelha à paralisia dessas patas. A artrite desgasta as juntas dos ratinhos, especialmente a parte que suaviza os movimentos. O problema pode ficar ainda pior quando a área danificada começa a inchar, causando muita dor.
Problemas respiratórios
Em ratos obesos, a gordura pode se juntar em qualquer lugar do corpo. Quando isso acontece na área do peito, pode pressionar os pulmões, tornando a respiração mais difícil. Isso pode ser muito perigoso, chegando até a ser fatal.
Hábitos de higiene impróprios/reduzidos
Ratos gordinhos têm uma barra pesada pra se limpar. Mesmo alcançando algumas partes do corpo, muitas vezes não dão conta de limpar certas áreas, acumulando sujeira, principalmente perto dos genitais e das patas de trás.
Como posso evitar que meu rato se torne obeso?

Assim como nos humanos, os ratos ganham peso por comer em excesso, preferir guloseimas doces e não se movimentar muito. No caso dos ratos, o ideal é que a maior parte (80%) da dieta deles seja de uma ração específica e adequada. Os outros 20% podem ser de petiscos saudáveis. Importante frisar: ratos são mestres em escolher seus alimentos. Na natureza, eles vão atrás do que dá mais energia, já que são presas. Em casa, esse instinto não é tão ligado à sobrevivência, mas eles ainda são seletivos. Oferecer a ração certa evita que eles só comam o que querem e ajuda a prevenir a obesidade.
Minha observação como tutora e criadora: segundo alguns artigos, um rato adulto pode consumir entre 15 e 20 gramas de alimento por dia. No entanto, essa quantidade deve ser ajustada conforme o sexo, porte e o nível de atividade do rato. Na prática, 20 gramas diárias podem ser excessivas para muitos indivíduos, especialmente em ambientes com pouco estímulo físico, favorecendo o acúmulo de gordura e levando à obesidade.
Testes controlados que realizei demonstraram que ratos machos de grande porte, porém pouco ativos, ganharam peso rapidamente quando alimentados com 20 gramas por dia, atingindo faixas consideradas obesas para a espécie. Já os machos mais ativos conseguiram manter o escore corporal adequado com essa quantidade, mas apenas enquanto eram jovens, até os 8 meses de idade. No caso das fêmeas, mesmo as mais ativas não consomem 15 gramas diárias — durante os testes, foi observado acúmulo de ração, indicando que a oferta excedia suas necessidades e resultava em estoque acima do ideal.
Ou seja, mesmo que alguns artigos sugiram que ratos comam cerca de 20 gramas por dia, essa quantidade pode não ser adequada para todos os indivíduos. O mais importante é observar de perto o peso e a condição corporal dos ratos. Para isso, a realização de pesagens semanais ou, no mínimo, quinzenais é de extrema importância para garantir a saúde e prevenir a obesidade.